quinta-feira, setembro 15, 2011

Hoje foi o último dia em que lhe vi... E agora está debaixo de terra, a dormir o sono eterno!
No último dia em que lhe vi com vida não me passou sequer pela cabeça que o seria. O pai estava afónico. Estava fraco e fazia tanto esforço para respirar. Se eu soubesse que ia ser assim tinha feito diferente! O pai sabe disso, não sabe? E provavelmente não gosta... Deve ter sido por isso que em vida nada nos disse sobre o seu estado de saúde.
Pai, vai fazer diferença não estar aqui para tratar dos passarinhos, para brincar e passear com as cadelas, para chamar o C. para irem a algum sítio.
Vou sentir a sua falta :'(

quarta-feira, setembro 14, 2011

Oh Deus,


escusavas ter levado o meu pai. Mesmo. Porquê isto agora?? Porquê ele? Eu até rezei, foi por ter rezado? Foi por ter pensado que ele ía ficar bem?


Deus, ainda bem que para mim és hipotético, senão até te odiaria.




Pai,


espero que estejas bem aí onde estás agora. Lamento muito, mesmo, não termos tido uma boa relação pai-filha. Arrependo-me...


Disse-me o Amor para me lembrar apenas dos bons momentos, mas os nossos bons momentos foram passados não tinha eu 6 anos, isso deixa-me triste.


Será que gostavas de mim? Será que me achavas uma inútil que gastava o teu dinheiro?


Será que se tivesses sobrevivido, tentarias ter uma melhor relação comigo?


Coisas que nunca saberei... Meu pai, como me arrependo.


Nada mais posso fazer, senão dizer-te: descansa em paz.


:'(

domingo, setembro 11, 2011

Querido hipotético Deus,
Sei que me deves achar uma hipócrita, eu sei, só falo e desabafo contigo quando necessito, não rezo nem vou à missa, etc, etc, mas tu sabes que a minha fé sempre foi abalada, nem sei no que tenho fé, e acho essas cenas de rezas e missas balelas, completamente; sei, e tu sabes também, que de vez em quando lá me meto a rezar feita tonta (e hipócrita, sim) quando estou mesmo aflita com alguma coisa.
Ontem e hoje ainda não rezei. Ando confusa, não sei como me sentir. Acho que tu não me devias fazer destas coisas, afinal eu ando ocupada a preocupar-me com o que raios hei-de fazer à minha vida, escusavas mesmo de, com essas tretas de escrever direito em linhas tortas, meter o meu pai num hospital. Digo eu.
Sabes que a nossa relação não é das melhores, para mim é duplamente doloroso por não saber o que sentir e o que fazer. E não parece real. Não sei se choro, pois tenho medo que piore as coisas - bem que me podias dar uma luz, pois acho que o facto de eu chorar piora as coisas (!). E ainda não rezei, pois ainda não discerni o que sinto. Sei que não lhe desejo mal, quero que fique tudo bem, isso é uma certeza. Mas é por mim, ou por ele?
Enfim, já deves ter percebido. Não precisava disto agora. Não preciso. Vê se fazes alguma coisa. Sei lá, dá-lhe metade dos meus anos de vida - deduzo que sejam entre 25 a 30, devido ao peso e à falta de exercício e ao colesterol e aos diabetes, etc. Davas-lhe 12,5 a 15 anos da minha vida patética, inútil e sem valor. Afinal, ele deve ter mais pessoas que o amam do que eu. Não sei porquê, ele nunca mereceu esse amor, mas também as pessoas não são amadas porque o merecem, sou crescidinha para perceber isso. Vá lá, dá-lhe uns anos! Ele não deve estar preparado... e eu muito menos. Vês? Já somos dois a querer que ele viva.
Sim, eu não sei se quero isto por ele ou por mim... Mas eu ainda não percebi o que se passa cá dentro do meu coração ou da minha conturbada mente, nem quero perceber! Já disse que quero endireitar a minha vida! Esse é o meu objectivo! Fizeste isto de propósito para abalar as nossas vidas? Para me fazer olhar para o meu interior? Credo, parecemos formiguinhas numa caixa de fósforos.
Eu só quero que fique tudo bem. Devia ser só isso que devia interessar.


Desde já agradeço a atenção.